Uóôôô
De debaixo da pedra uma fonte borbulhante,
Corria livre na terra; como um fio brilhante.
Cantava baixinho regando o chão,
Matava a sede dos bichos e de nosso irmão.
Mas a terra mal cuidada
Cortou sua via, sua estrada.
O fio de água que era sorriso e clareza,
Hoje é silêncio, poeira e tristeza.
Uóôôô!
É a fonte chorando próximo da mata,
Gritando baixinho perdendo a cor prata.
Se o fio de água da fonte se cala; é uma pena,
Pois o céu entristece e a vida se apequena.
É a água que sofre, buscando viver,
Pedindo socorro, tentando não morrer.
Cuidar da nascente é missão primeira,
É guardar a esperança da vida inteira.
Ela vem do seio de terras encobertas,
Mas morre se nossas ações não são certas
Se a gente não a protege, não a cuida,
A vida da fonte encurta; não se iluda.
Um pouco de engenharia e árvores ao redor,
Um gesto certo, alguém que dela tenha dó.
A fonte responde com força e cantiga,
A vida retorna, e a mata a abriga.
Uóôôô!
É a fonte chorando próximo da mata,
Gritando baixinho perdendo a cor prata.
Se o fio de água da fonte se cala; é uma pena,
Pois o céu entristece e a vida se apequena.
Mas se a gente escuta seu som chorado,
E age com amor, tornando o local restaurado
A água renasce, bordando o caminho,
E canta de novo, de mansinho, de mansinho...