LASER: O RAIO VERDE DA ESPERANÇA
Moacir José Sales Medrado[1]
No campo ainda úmido de orvalho,
Um trator avança sobre sulcos verdejantes.
Mas o aroma da terra logo é cortado
Por um cheiro ácido – o do veneno
É a velha guerra invisível,
Travada contra insetos e plantas indesejadas.
O solo se contamina,
Os riachos adoecem,
E o alimento chega à mesa com um eco de culpa.
Mas agora, no horizonte,
Surge uma nova arma:
Um feixe de luz frio e preciso –
O laser.
Nada de explosões,
Nada de fumaça.
Apenas calor localizado,
Destruindo o mal, sem tocar o bem.
É a cirurgia no lugar da bomba.
Sensores em drones e tratores
Detectam, com olhos eletrônicos,
O invasor oculto na plantação.
E quando ele é encontrado...
Zap! – um pulso de luz.
Instantâneo, limpo, certeiro.
As ervas daninhas são eliminadas,
Os insetos-praga têm o ciclo interrompido.
Sem sofrimento. Sem resíduo.
Sem rastro no lençol freático.
Sem veneno no fruto.
A joaninha segue ilesa.
O solo permanece fértil.
O sistema, equilibrado.
É a ética da luz:
Atuar apenas onde há ameaça.
Não é mágica,
É ciência refinada.
Com desafios, sim:
Custo, escala, calibração.
Mas drones autônomos e lasers eficientes
Estão tornando esse sonho viável.
Mais do que tecnologia,
É um convite à mudança.
Trocar o tambor de veneno
Por um emissor de luz.
Trocar a guerra cega
Por a precisão que respeita.
A resistência está em nós –
Na inércia de quem teme o novo.
Mas é tempo de coragem.
Tempo de luz.
No silencio do campo iluminado,
O futuro já germina.
Sem fumaça, sem veneno, sem medo.
Como diria Guimarães Rosa:
O sertão vai virar luz.
E que luz seja.
[1] Engenheiro Agrônomo (UFCE), Especialista em Planejamento Agrícola (SUDAM/SEPLAN – Ministério da Agricultura), Pesquisador Sênior em Sistemas Agroflorestais (Embrapa – aposentado), Doutor em Agronomia (ESALQ/USP), Consultor Agroflorestal