SOLO SAGRADO
Moacir José Sales Medrado[1]
Uóôôô!
Uóôôô!
Debaixo dos pés mora um mundo escondido,
Com vida pequena, silêncio contido.
Lá moram os fungos, minhocas, sementes,
Que fazem dos solos lares diferentes.
Quando o homem o solo esgota,
Este perde a função e você logo nota.
A chuva que penetrava nele contente,
Agora cria canais de água corrente.
[Refrão]
O solo é sagrado, não é chão de ninguém
Quem o usa com gana, destrói um grande bem.
Mas quem vê a terra com olhos de irmão,
Cuida dele com jeito, inteligência e coração.
É solo de sonho, é chão que alimenta,
Quem planta com zelo, a vida sustenta.
É berço da roça, da folha e da flor,
Que guarda o segredo da vida e da dor.
No barro vermelho, a história repousa,
O primeiro cheiro de solo molhado você ousa?
Cada torrão guarda tempo e suor,
Do pobre que nele trabalha duro. Tenha dó.
Adubar com respeito, cobrir com capim,
Evitar que o solo se degrade no fim.
Na curva do morro, fazer contenção,
É ato de afeto, de respeito e de conservação.
[Refrão]
O solo é sagrado; e não é de ninguém,
Quem estraga o solo, destrói um grande bem.
Mas quem vê a terra com olhos de irmão,
Cuida dele com alma, com apego e obstinação.
Se o solo é ferido, o futuro é incerto,
Mas se é protegido, tudo dará certo.
Pois toda floresta, na cidade ou no sertão
Começa naquilo que existe no chão.
[1] Engenheiro Agrônomo (UFCE), Especialista em Planejamento Agrícola (SUDAM / SEPLAN – Ministério da Agricultura), Pesquisador Sênior em Sistemas Agroflorestais (EMBRAPA – Aposentado), Doutor em Agronomia (ESALQ / USP)