MATE O JUMENTO NÃO MEU IRMÃO![1]
Moacir José Sales Medrado[2]
Mário Rogério Araújo Souza[3]
Na beira da estrada eu via
Os jumentos que a poeira cobria;
Hoje só vejo jumento no caminhão,
É uma tristeza de cortar o coração.
Luiz Gonzaga já nos lembrava
“O jumento é nosso irmão”; assim falava;
Sem ele, nosso povo todo sentirá,
E o sertão irá chorar.
Quando o jumento some das vilas,
É lata d’água carregada por esposas e filhas
É a mulher que carrega o fardo,
Enquanto o sol queima, o pasto fica pardo.
Na China, serve ao luxo como gelatina,
Feita da pele que a morte destina;
Cada pacotaço custa uma dor,
Que o sertão denuncia em clamor.
Milhares de corpos, ao ano, viram fumaça,
Numa contagem que ninguém abraça;
Mais de noventa por cento de nossa criação,
Sumiu no rastro da exportação.
É frigorífico, estrada e pilhagem,
O couro moído em fria engrenagem;
A lei repousa na indiferença,
Enquanto pra nós só resta a crença.
Em Sobral, morreu a folia.
Do jumento vestido em alegria,
Agora só há recordação
E o medo de amarga extinção.
Levanta a voz, sertão ferido,
Brada “parem!” num só gemido;
Se o “irmão” virar poeira,
Sobrará pra sertaneja brasileira.
Luiz Gonzaga já nos lembrava
“O jumento é nosso irmão”; assim falava;
Sem ele, nosso povo todo sentirá,
E o sertão irá chorar.
Na beira da estrada eu via
Os jumentos que a poeira cobria;
Hoje só vejo jumento no caminhão,
É uma tristeza de cortar o coração.
Luiz Gonzaga já nos lembrava
“O jumento é nosso irmão”; assim falava.
Sem ele, nosso povo todo sentirá,
E o sertão irá chorar.
— Inspirado na crônica “Do Sertão à Extinção: O Clamor pelo Futuro dos Jumentos do Brasil”, de Mário Rogério.
[1] Letra de música elaborada com base na Crônica: Do Sertão à Extinção: O Clamor pelo Futuro dos Jumentos do Brasil
[2] Cearense, Engenheiro Agrônomo (UFCE), Especialista em Planejamento Agrícola (SUDAM / SEPLAN – Ministério da Agricultura), com blog no Recanto das Letras, com 339 textos produzidos dentre os quais mais de 60 letras de músicas e 74 poesias disponíveis. Engenheiro Agrônomo (UFCE), Especialista em Planejamento Agrícola (SUDAM / SEPLAN – Ministério da Agricultura), Pesquisador Sênior em Sistemas Agroflorestais (EMBRAPA – aposentado), Doutor em Agronomia (ESALQ / USP)
[3] Cearense, Cronista, Com blog no WordPress, com mais de trinta crônicas e no Recanto das Letras passam de 20 crônicas disponíveis, Engenheiro Agrônomo Mestre em Economia Rural (UFCE), Especialista em Agronegócio.